2007-12-10

Charles-Marie Widor (1844-1937)

Charles-Marie Widor (1844 – 1937) nasceu em Lyon, França, no seio de uma família com tradição na construção de órgãos de igreja. Um amigo da família, Aristide Cavaillé-Coll, nome célebre da construção destes instrumentos, descobriu o talento do jovem Charles-Marie e impulsionou a sua formação. Não foi tempo perdido. Com 26 anos, Widor sucede ‘provisoriamente durante 64 anos’ a Lefébrue-Wely, como organista da L'église Saint-Sulpice de Paris (célebre, hoje em dia, por via do celebérrimo romance de Dan Brown), local onde fora instalado um fabuloso órgão Cavaillé-Coll. Aí desenvolve o talento de uma vida rica e circunspecta. A sacralidade que respira a música para órgão é a expressão adequada à vida e à personalidade deste francês de carácter aparentemente fechado.
Widor substitui, mais tarde, César Franck, no Conservatoire de Paris, como responsável pelo ensino do instrumento de eleição. Revela aí aos seus discípulos, entre os quais o desafortunado Jehan Alain, a força espantosa da sua arte musical. Com ele aprenderão ainda hoje todos os que quiserem seguir a via da música. Já ouvi esta ideia a grandes músicos de Jazz, por exemplo. Para Widor a ‘improvisação’ não seria uma questão de talento mas uma contínua aprendizagem que exige tanto trabalho como a simples execução.
O compositor francês ficou célebre pelos seus trabalhos para órgão. A minúcia e o rigor são os traços determinantes. Tal como o foram do seu ensino. A obra, no entanto, estende-se por todas as áreas da composição, do piano à voz e até mesmo ao teatro musical.
Também eram célebres no seu tempo os acompanhamentos musicais das missas-recital de Saint-Suplice. Em Paris, estas missas eram procuradas pelas pessoas mais cultas como expressão do bom gosto. Improvisação, bom gosto e coragem deve ter sido a receita para, aos 76 anos de idade, o organista desposar alegremente a jovem Mathilde, 40 anos mais nova que ele.

De Charles-Marie Widor encontra-se muito no Youtube. É recorrente a fabulosa e universalmente célebre Toccata do movimento final da V Sinfonia. A mim também me agrada muito este andante sostenuto da Sinfonia Gótica.:

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