2011-09-18

Kagel, o "neodadaísta"

Maurício Kagel (1931 - 2008), músico e director de orquestra argentino, porteño, descendente de imigrantes russos, estudou música e filosofia na terra natal mas partiu para a Alemanha (Köln), em 1957, para ensinar. Aí permaneceu até à sua morte, precisamente no dia 18 de setembro de 2008. Há 3 anos, portanto. Culto e inquieto, movimentou-se à vontade no panorama das artes do século XX e na Filosofia. Da sua formação e atitude resultou a síntese que fez do dele um nome incontornável dos movimentos artísticos do século das revoluções. Dito pós-serialista, neodadaísta, etc., Kagel foi sobretudo um espírito eclético vivo que se tornou referência na coreografia musical, na composição, nas artes da Europa, em geral. Personagem riquíssima é digno de ser reconhecido e recordado. Aqui fica um trecho significativo do seu «Ludwig van» de 1969, obra que revela a sua incursão também pela sétima arte, criada no espírito da comemoração do bicentenário do nascimento de Ludwig van Beethoven (1770 - 1827).


2011-09-09

"Amor ti vieta"

Umberto Giordano (1867 - 1948) compôs a ópera "Fedora" com libreto retirado de uma daquelas "estranhas" peças teatrais do final do século XIX. A fantasia do seu autor, Victorien Sardou, devoto confesso da grande Sarah Bernhardt (1844 - 1923), dá substância e permite compreender o alcance e o êxito da emergente teoria psicanalítica de Freud. É vasto o universo de textos desta índole que mergulham, pouco fundo, no romantismo tardio e decadente da Rússia Imperial
Salvaguardada a distância sobre a especificidade marcada do texto há, no plano do drama musical, pedaços fantásticos de sensibilidade e bom gosto. Procurou-se fixar aqui um desses trechos em três momentos que são, por si só, exemplos de três das mais marcantes vozes do século XX. Fruamos nesta multíplice homenagem!

«Amor ti vieta di non amar.

La man tua lieve, che mi respinge,

cerca la stretta della mia man

La tua pupilla esprime: "l’amo"

se il labbro dice: "Non t’amerò"»






2011-09-04

Regresso... surpreendido.

Estive longe do Broto algum tempo. Muito tempo. Pensei que não voltaria a esta vereda. Surpreendeu-me verificar como se alargou e preenche (estatisticamente) meio mundo. Tentarei continuar a contemplar os astros e a romper as neblinas seguindo este duro chão tão pisado por gente "estranha". Tentarei!

Lembrei-me de uma passagem muito interessante que cito quase de cor, do Orlando de Virginia Woolf, talvez à laia de justificação. Diz ela a páginas tantas:

«Não há no peito do homem paixão mais forte do que o desejo de levar os outros a crer no que ele crê. Nada tem tamanho poder de cortar pela raiz a sua felicidade e de o enraivecer, que a noção de que os outros têm em baixa conta o que ele mais preza.»

Os bons e os maus momentos são sempre oportunidades para estabelecer o bom caminho. Nem que seja o regresso ao chão já calcado.