Obviamente o título é um exagero. O que se segue não exprime a relação desse enorme vulto da cultura com a música. É um texto literário. Transcrevo-a pelo humor. Goethe era um "tipo com sentido de humor". O texto é gracioso. A tradução é horrível. Darei a referência bibliográfica....para que se cuidem dela. Serviços destes a nossa Língua dispensa. Deleitemo-nos apenas com a graça substancial:
«Senti-me de repente aterrorizado ao ouvir falar em casamento, porque o temia quase mais do que temia a música que, até então, me parecera a coisa mais odiosa deste mundo. Costumava dizer que os músicos vivem pelo menos na ilusão de estarem todos unidos e de tocarem em plena harmonia, porque, depois de passarem um tempo suficiente a afinar os seus instrumentos, dando-nos cabo dos ouvidos com inúmeras dissonâncias, acreditam piamente que acabaram por acertar e que todos os instrumentos estão em plena sintonia uns com os outros. Mergulhado numa felicidade infinita, o próprio dirigente imagina que agora tudo está finalmente bem, inundando contudo os nossos ouvidos com sons insuportáveis. Em contrapartida, nem sequer isto é verdade no matrimónio, porque embora se trate de um dueto e se pudesse pensar que duas vozes ou mesmo dois instrumentos soariam mais ou menos em harmonia, isto é, de facto, extremamente raro. Quando o homem dá o tom, a mulher entoa logo uma nota acima e o homem volta a subir o tom. Os sons moderados passam a sons mais fortes e assim sucessivamente, até que, finalmente, nem sequer os instrumentos de sopro conseguem acompanhar a melodia. Se já não gosto de música harmónica, ninguém me poderá levar a mal o facto de eu odiar a música dissonante.»
Goethe; A Nova Melusina. Tradução [de que é preciso fugir...!] de A. Mosch. Colares Ediora
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